Do Espelho ao Espelho: Fiama, a palavra reflecte a outra palavra
DOI:
https://doi.org/10.35520/diadorim.2018.v20n1a17872Palavras-chave:
Fiama Hasse Pais Brandão, espelho, imagem, auto-reflexividade, representaçãoResumo
Estabelecendo um vínculo assumido com a célebre expressão de W. B. Yeats “mirror turn lamp” (1936), que esteve na origem do título do não menos célebre ensaio de M. H. Abrams, The Mirror and the Lamp (1960), dedicado à teoria poética do Romantismo, este ensaio parte da leitura de dois versos de Fiama Hasse Pais Brandão para uma tentativa de sistematização do discurso metapoético daquela que é uma das escritoras mais auto-conscientes da literatura portuguesa do século XX. Neste sentido, procura-se reconstituir e problematizar esse discurso dando especial destaque à obra em que esses versos se inscrevem, Área branca (1978), uma vez que este livro representa, na totalidade da produção da autora mas também no campo mais alargado da poesia portuguesa da segunda metade do século XX, um lugar de transmutação qualitativa das grandes questões poetológicas que têm atravessado a criação poética moderna e contemporânea, pelo menos desde o Romantismo tão caro a Fiama – linguagem e representação, palavra e imagem, memória e imaginação, identidade e alteridade, metatexto e hipertexto, a tradição e o talento individual –, e que na sua obra foram objecto de uma síntese dialéctica de invulgar trepidação reflexiva.
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